Fotos Celso Brandão


      Descendente de uma linhagem de pesquisadores alagoanos voltados para os registros das culturas populares alagoanas, além de influenciar toda uma geração de fotógrafos, Celso Brandão, um nome nacionalmente conhecido, é também cineasta (sendo Ponto das Ervas 1978; Chão de Casa, 1982; e Memória da Vida e do Trabalho, 86; algumas de suas produções) e, em ambas as escritas – cinema e fotografia – os seus registros têm sido voltados para a memória e as reminiscências das culturas populares alagoanas. Neste sentido, as suas imagens que por ora se expõem, são reveladoras de sua trajetória.

O sagrado, o profano e as culturas populares enquanto alegorias: as imagens enraizantes de Celso Brandão.

       Registro das culturas populares, as imagens de Celso Brandão são resíduos das reminiscências e um testemunho encantado das alegorias alagoanas, as quais, em demasia têm se condensado nas trajetórias das memórias.
       Na verdade, as imagens de Brandão são os registros de um pesquisador incansável das coisas alagoanas e o que ele expõe em fragmentos, são traduções de um todo das Alagoas, registro de um quase impossível fulgurar de vidas diante do sumidouro do moderno, e que têm se deslocado e se aninhado em pedaços de sonhos.     
     Nas trajetórias das memórias é o que se pode sentir quase como uma fuga do tempo: o singular registro da reminiscência da secular cidade de Penedo através de seus Velhos Casarões e no condensado das memórias, Bonecos de Mamulengo engalfinhados dentro de um velho baú (feito um velho segredo) de sonhos. Afinal, de ambos, casarões e mamulengos, bem que poder-se-ia perguntar: há quanto tempo eles existem e estão por ali  adormecidos no baú das fantasias? E o que pensar da imagem de Mestre Zome, o misto de fogueteiro, pai-de-santo e brincante lá das bandas de Quebrangulo diante do fugaz das fagulhas a espreitar ali, ele mesmo a se consumir diante dos sonhos?  E são também ainda as Imagem do Jaraguá nas bandas de Traipu e As oferendas à Iemanjá ou ainda, as fantasias dos Quilombos de Limoeiro que nos sinalizam para as imagens enquanto alegorias. E não seriam também alegorias, o registro das alegrias dos Meninos no Carnaval nas entranhas de Fernão Velho, ou ainda, a Ancestralidade da Serra da Barriga no sagrado das cerimônias e, também, o raro fragrante de negros a caminhar no quase agora, como se ali a pouco se pudesse Voltar à Palmares?  E o que sentir diante do registro do quase infantil sorriso de uma Tia Marcelina irreal, posto que sonhada por Zumba[1] lá nas entranhas de Santa Luzia do Norte no quilombo dali?
           


[1] Mestre Zumba, pintor negro de um mundo imaginário afro-alagoano


Clique nas imagens para ampliá-las.

Celso Brandão

 Velhos casarões


 Bonecos de Mamulengo


 Mestre Zome


Imagens do Jaraguá


 As oferendas à Iemanjá


 Quilombo de Limoeiro


 Meninos do carnaval


Ancestralidade


 Voltar à Palmares


 Tia Marcelina

===============================================================
 






Nenhum comentário: